Alphacoronavírus pertence à família do Coronavírus, a Coronaviridae, e é conhecido por causar infecções respiratórias em diversos mamíferos, diz pesquisa.
O Alphacoronavírus foi identificado pela primeira vez no Pantanal, em morcegos que habitam regiões florestais e prédios abandonados em Mato Grosso. O estudo foi publicado neste mês no Instituto Multidisciplinar de Publicação Digital (MDPI).
De acordo com a pesquisa, o Alphacoronavírus pertence à família do Coronavírus, a Coronaviridae, e é conhecido por causar infecções respiratórias em diversos mamíferos. O estudo destacou que grandes epidemias, como a Síndrome Respiratória Aguda Grave (2003) e a Covid-19 (2019), estão associadas às alterações nos habitats naturais dos animais. Essas mudanças aumentam o contato entre humanos e animais selvagens, elevando o risco de novas infecções.

O médico veterinário e coordenador da pesquisa, Daniel Moura de Aguiar, afirmou que não há evidências de que essa variante do vírus possa ser transmitida a seres humanos.
“Falar de risco para transmissão de Alphacoronavírus de morcegos para humanos é muito difícil. Normalmente, nós humanos somos suscetíveis ao Betacoronavírus, como experimentamos recentemente com a Covid-19”, explicou.
Moura também ressaltou o impacto das alterações nos habitats naturais, que podem modificar os hábitos dos morcegos e promover o contato entre diferentes espécies, aumentando o risco de disseminação do vírus. Desmatamentos e queimadas foram destacados como fatores que intensificam o contato entre morcegos e seres humanos, especialmente em regiões vulneráveis do Pantanal.
“O Pantanal é um sistema ecológico muito sensível. Em se tratando de zoonoses, acredito que a manutenção de campos limpos no Pantanal é a principal atitude para implementar medidas de controle. Mantendo esses ambientes limpos e conservados, isso permitirá que os morcegos permaneçam em seus habitats e não busquem abrigo próximo a outras espécies, incluindo os humanos”, afirmou.
O levantamento realizado no Pantanal representa um avanço importante na compreensão das zoonoses em regiões de grande biodiversidade.
“Este foi o primeiro estudo realizado no Pantanal sobre coronavírus em morcegos. Por isso, ainda é cedo para indicar algum padrão ecológico. A princípio, nossos achados seguiram os padrões observados na Mata Atlântica, Cerrado e Floresta Amazônica”, destacou o pesquisador.
Embora os humanos sejam mais suscetíveis a outros tipos de coronavírus, o especialista enfatizou a importância de monitorar continuamente as mutações do Alphacoronavírus e sua dinâmica nas populações de morcegos.
“Não posso afirmar que os Alphacoronavírus são mais propensos a mutações, mas precisamos manter esse monitoramento atualizado para observar a dinâmica das mutações nesses vírus na população animal”, explicou.
No estudo, foram capturados 419 morcegos de diversas espécies nos biomas do Pantanal e Cerrado. A pesquisa abrangeu áreas florestais, zonas urbanas e periurbanas, incluindo locais próximos a residências e prédios abandonados, com o objetivo de investigar a presença de coronavírus nos morcegos, conhecidos por abrigar diferentes tipos do vírus.
A pesquisa foi desenvolvida pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Universidade de São Paulo (USP), Universidade do Porto, Universidade Estadual de Campinas, Instituto Butantan e Hospital Israelita Albert Einstein.